Livraria Suburbano Convicto completa 10 anos de resistência e na contramão do mercado
- Juca Guimarães para Portal R7
- 14 de abr. de 2017
- 3 min de leitura
Criada pelo escritor Alessandro Buzo, em 2007, espaço é referência de engajamento
"Não vai dar certo, onde já se viu uma livraria no Itaim Paulista", esta era a análise de senso comum que pairava sobre um dos bairros mais distantes e menos assistidos de infraestrutura pública no extremo Leste de São Paulo, quando o escritor Alessandro Buzo decidiu alugar um pequeno imóvel comercial, perto de sua casa, para abrir a livraria Suburbano Convicto, que neste 14 de abril completa 10 anos de atividade.
A favor do fio de suspeita que rondava o lançamento da livraria, estavam dados estatísticos consistentes. O Itaim Paulista era, na época, um bairro dormitório, sem bibliotecas públicas, com uma rede de escolas públicas sucateadas, pouquíssimos moradores eram universitários e quem tinha o sonho de fazer faculdade sabia que era preciso enfrentar dupla jornada de trabalho, poucas horas de sono, além de mensalidades caras. Para a realidade do Itaim Paulista, comprar livros estava em um nível além do supérfluo.
Mas quem se apega a estatísticas quando se tem amor no coração, uma família unida e um talento arrasador para a literatura. Além de uma personalidade cativante e um diploma de malandragem, com louvor, conquistado com sagacidade na Universidade da Vida. Para o Alessandro Buzo, que na época já era um proeminente escritor por conta do livro "O Trem", lançado de forma independente quase sem recursos, não havia barreiras para a criação da Livraria Suburbano Convicto.
Os três primeiros anos da livraria, que se tornou a primeira especializada em literatura marginal com autores periféricos de todas as quebradas do país, foram passados lá mesmo no Itaim Paulista. Mesmo com o aluguel baratinho, era muito complicado manter as contas no azul. A livraria tinha prestígio e assíduos frequentadores, mas isso apenas não garantia um balanço sustentável. Apesar das iniciativas criativas, como eventos literários e a venda de uma marca própria de roupas.
A livraria então passou passou por uma mudança radical há sete anos. Saiu do Itaim Paulista e foi para o número 70, mais precisamente o segundo andar, da rua Treze de Maio, no coração do Bixiga, bairro marcado pela imigração italiana e a festa da Achiropitta, no centro de São Paulo.
A ideia do Buzo era receber ali todas aquelas pessoas que diziam curtir a Suburbano Convicto, mas achavam muito distante ir até o Itaim Paulista. "No Bixiga, fica mais fácil para quem vem da zona Sul, da Zona Oeste e do Centro mesmo", avalia Buzo, que manteve todas as características do conceito original. A Suburbano estava no centro, mas era convictamente suburbana e periférica.
Ao lado da mulher Marilda Borges e do filho Evandro, Buzo criou na livraria um espaço fundamental para a aceleração e crescimento da cultura periférica. Saraus, slams, debates e lançamentos de livros são algumas das atividades frequentes da livraria. Lá é um dos poucos lugares do país onde é possível encontrar por um preço justíssimo os lançamentos e os clássicos da literatura de contestação e resistência periférica.
Enquanto o mercado de livrarias se torna cada vez mais impessoal e comercial, onde a forma supera o conteúdo, a Livraria Suburbano Convicto exalta um espírito livre e guerreiro inspirador.
O escritor também está no processo de gravação do seu segundo filme "Fui!".
As vendas na livraria Suburbano Convicto também são feitas por Sedex, após depósito bancário. As encomendas podem ser feitas pelo site: www.livrariasuburbanoconvicto.blogspot.com
Confira a programação fixa e gratuita da livraria:
Sarau Suburbano, toda segunda-feira, das 19h30 às 22h.
Suburbano em Debate, toda 2a terça-feira de cada mês, das 19h30 às 22h.
SLAM CONVICTO, todo último domingo de cada mês, das 15h às 17h.
fonte: http://noticias.r7.com/sao-paulo/livraria-suburbano-convicto-completa-10-anos-de-resistencia-e-na-contramao-do-mercado-14042017
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